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Dr. Eduardo Ramalho
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Ligamento Cruzado Posterior - LCP

Introdução
O Ligamento Cruzado Posterior (LCP) é um dos principais responsáveis pela estabilidade posterior do joelho, sendo essencial para a manutenção da funcionalidade dessa articulação. Ele origina-se na região lateral do côndilo femoral medial e insere-se na região posterior da tíbia, atuando como o pivot central do joelho. As lesões do LCP são menos frequentes que as dos outros ligamentos do joelho, como o Ligamento Cruzado Anterior (LCA), Ligamento Colateral Medial (LCM) e Ligamento Colateral Lateral (LCL).

Causas e Sintomas da Lesão do LCP
A lesão do LCP geralmente resulta de traumas de alta energia, como acidentes automobilísticos, entorses graves e quedas de grandes alturas. O mecanismo de lesão mais comum é o trauma direto na região anterior da tíbia com o joelho flexionado a 90°, também conhecido como "trauma do painel". Pode ocorrer também devido a traumas indiretos, como entorses graves, especialmente em hiperextensão do joelho.

Quadro Clínico
Os sintomas iniciais de uma lesão do LCP são semelhantes aos de outras lesões ligamentares do joelho. Após a fase aguda, que dura de 1 a 2 semanas, a dor e o edema diminuem. A instabilidade depende das lesões associadas. Em lesões isoladas do LCP, as queixas de instabilidade são raras, exceto em lesões de grau 3 durante atividades físicas com paradas bruscas, saltos e movimentos de hiperextensão do joelho.

Diagnóstico da Lesão do LCP
O diagnóstico da lesão do LCP é principalmente clínico. Testes como o Lachman posterior, gaveta posterior, sag test e Godfrey são suficientes para confirmar a instabilidade posterior do joelho. A ressonância magnética sem contraste é o exame mais indicado para confirmar o diagnóstico e avaliar possíveis lesões associadas.

Tratamento da Lesão do LCP
O tratamento da lesão do LCP varia conforme o perfil do paciente, a expectativa de retorno ao esporte e os sintomas durante as atividades diárias. Pode ser cirúrgico ou não cirúrgico.

Tratamento Não Cirúrgico
Indicado para pacientes com lesões de grau 1 ou 2 isoladas do LCP, pacientes sedentários ou com artrose avançada, e aqueles sem queixa de instabilidade. O tratamento envolve fisioterapia para fortalecimento muscular e mudanças de hábitos de vida.

Tratamento Cirúrgico
Indicado para pacientes com lesões de grau 3 sintomáticas e lesões associadas, onde a reconstrução do LCP é essencial para restaurar a estabilidade do pivot central do joelho. A reconstrução é necessária porque o tecido remanescente após a lesão geralmente perde sua função e não pode ser reparado adequadamente.

Tipos de Enxerto
Os enxertos para a reconstrução do LCP podem ser autólogos (do próprio paciente) ou heterólogos (de cadáver). Os enxertos autólogos são preferidos por sua compatibilidade biológica e maior força de tensão.

Tendão do Quadríceps: Utiliza o terço central do tendão do quadríceps com um plug ósseo da patela. É preferido por sua boa espessura e rápida integração.
Tendão Patelar: Utiliza o terço central do tendão patelar com plugs ósseos da patela e da tíbia. É menos utilizado devido à sua menor flexibilidade de fixação.
Tendões Flexores (Grácil e Semitendíneo): Utiliza tendões do músculo grácil e semitendíneo, retirados através de uma pequena incisão. Tem menor morbidade do local doador, mas pode ser fino, comprometendo a força de tensão final.


Cirurgia de Reconstrução do LCP
A reconstrução do LCP é geralmente realizada por técnica artroscópica. A cirurgia começa com a inspeção articular para confirmar a lesão do LCP e avaliar lesões associadas. O enxerto é retirado conforme a programação pré-operatória, e os túneis femoral e tibial são confeccionados de modo artroscópico. O enxerto é então fixado com parafusos de interferência e outros dispositivos de fixação.

Reabilitação Pós-Cirúrgica
A reabilitação é crucial para a recuperação completa da função do joelho.

Primeiras 6 Semanas: Carga parcial progressiva no membro operado com uso de muletas e um brace longo para evitar afrouxamento do enxerto.
2 Semanas Pós-Cirurgia: Início da fisioterapia focada no ganho de força do quadríceps e início do arco de movimento.
3 Meses Pós-Cirurgia: Atividades de baixo impacto, como natação, hidroginástica e bicicleta. Fortalecimento na academia, evitando exercícios de cadeia cinética aberta com carga excessiva.
4 a 6 Meses Pós-Cirurgia: Atividades de impacto no joelho de maneira progressiva, iniciando com caminhada na esteira e progredindo para corrida.
9 Meses a 1 Ano Pós-Cirurgia: Retorno a esportes com movimentos de rotação, saltos e mudanças de direção, dependendo da reabilitação muscular e proprioceptiva do joelho.


Conclusão
A lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP) é uma condição séria que exige diagnóstico preciso e tratamento adequado. A escolha entre tratamento cirúrgico e não cirúrgico depende do grau da lesão e do perfil do paciente. A reabilitação adequada é fundamental para garantir a recuperação completa e prevenir futuras complicações.

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Eduardo Ramalho de Moraes - Doctoralia.com.br

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